segunda-feira, 24 de setembro de 2012

AIKIDO e a ARTE REAL



Como praticante de AIKIDO, há aproximadamente doze anos. E como estudioso e incentivador de sua filosofia, não pude deixar de fazer um paralelo dentro de um caráter especulativo, com a Arte Real. Não quero aqui lançar comparações afirmando ou atestando algo, pois tal fato seria no mínimo uma irresponsabilidade de minha parte e uma ofensa aos estudos ritualísticos e da simbologia existentes. Sabedouro do esforço de cada irmão no aprimoramento de seus conhecimentos sobre os símbolos e alegorias, e entendendo que todos possuem conhecimento suficiente sobre o assunto que irei discorrer, suprimirei a paralela visual comparativa, deixando somente que o traçado seja visto pela curiosa leitura deixando-vos a vontade para as comparações que virão.
 
O que transmitirei não é regra em toda academia de AIKIDO, pois cada professor tem a liberdade de conduzir seus trabalhos de acordo com a necessidade que se apresenta. Assim são possíveis termos diferentes modos de apresentação, saudação e formas de treinamento dentro de cada associação, o que não pode mudar é a essência fraternal existente dentro do DOJO (local de treino), que busca moldar o caráter do praticante transformando-o em um ser melhor.
Irei inicialmente fazer uma pequena introdução biográfica do fundador da arte, O’Sensei Morihei Ueshiba, e logo após algumas comparações e explicações sobre a arte como um todo.
Propositalmente estarei suprimindo alguns estudos que são para a maioria, incompreensíveis, como o KOTODAMA (a arte dos sons sagrados) o ZAZEN (que nada mais é do que sentar, meditar, e entoar sons sagrados) e o trabalho de desenvolvimento do KI (energia).

Sobre o Fundador.

Morihei Ueshiba nasceu em 14 de dezembro de 1883, em Tanabe, província de Wakayama, Japão. Por volta dos sete anos foi enviado a um templo budista para aprender os clássicos de Confúcio e as escrituras budistas. Na infância já teve o primeiro contato com o Sumô e a natação. Começou seu treinamento marcial por volta de 1902 aprendendo os tradicionais Kenjutsu e ju-jutsu.
 No Exército serviu no 37º Regimento da Quarta Divisão de Osaka, e devido a sua grande honestidade, árduo trabalho e habilidade com a baioneta, foi apelidado de “O Rei dos Soldados”. Em reconhecimento à sua bravura no campo de batalha na guerra russo-japonesa foi promovido ao posto de sargento. Durante o período militar continuou praticando artes marciais ingressando no Dojo Masakatsu Nakai onde aprendeu o Yagyu-ryu ju-jutsu na escola Gotô. Após o período militar praticou o estilo Kodokan de Judô. Quando de sua estada em Hokkaido Morihei treinou intensamente com Sokaku Takeda famoso mestre de Daito-Ryu ju-jutsu.
Por volta de 1919 conheceu Onisaburo Deguchi, líder de uma nova e crescente religião Omoto-Kyu que muito o influenciou espiritualmente. A partir desse encontro e práticas meditativas posteriores, a arte marcial de Morihei começou gradualmente a ter um caráter mais espiritual, originando assim o Aiki-bujutsu mais conhecida pelo público como Ueshiba’ryu aiki-bujutsu.
Desenvolveu o Sojutsu (técnicas com lanças) e praticou intensamente técnicas com espada e ju-jujtsu. Por volta de 1925, com a clareza de que um dos princípios filosóficos na qual sua arte baseava era a união de seu ser com o universo, este entendeu ser melhor dar o nome a sua criação de Aiki-Budô, ao invés de aiki-bujutsu.
Com maior divulgação o Aiki-budô atraiu um grande número de praticantes.
Na província de Iwama, Morihei iniciou por volta de 1944, o que ele chamou de Ubuya (sala de nascimento), ou local secreto, sagrado do AIKIDO um complexo que incluía um santuário aiki e um dojo ao ar livre.
Morihei planejou, ele mesmo todas as disposições limites do Santário Aiki, seguindo os princípios do Kotodama (arte dos sons sagrados). Por exemplo, o prédio principal, o salão para orações, o torii (portal tradicional) e todo o traçado, seguem a lei dos três princípios universais, isto é: o triângulo o círculo e o quadrado, símbolos dos exercícios de respiração nos estudos do kotodama. Explicou Morihei que quando o triângulo o círculo e o quadrado estão unidos em rotação esférica o resultado é um estado de perfeita clareza (sumikiri), sendo esta a base do AIKIDO.
Em 1960 recebe do Imperador Hirohito pelos seus trabalhos marciais o prêmio Shijuhoshô. Somente três pessoas no mundo das artes marciais haviam conseguido este feito. Em 1961 Morihei a convite, viajou aos Estados Unidos, declarando o seguinte sobre sua viagem: “Vim ao Havai para construir uma “ponte prateada”. Até hoje fiquei no Japão, construindo uma “ponte dourada” para unir o Japão, mas, de agora em diante, meu desejo e construir uma ponte para ligar diferentes países do mundo na harmonia e no amor contido no AIKIDO. Penso que o AIKI, produto das artes marciais, pode unir todas as pessoas do mundo em harmonia, no verdadeiro espírito do budô (caminho marcial), abraçando a todo o mundo em um amor único e igual.”
Faleceu pacificamente em 26 de abril de 1969, às 17:00 horas, no dia primeiro de maio foi consagrada condecoração póstuma pelo imperador Hirohito. Suas cinzas foram depositadas no cemitério de Tanabe, no templo da família Ueshiba.

Semelhanças iniciais

A palavra AIKIDO ( ) é composta por três kanji (ideogramas da escrita chinesa). O ideograma AI () Pode ser traduzido por amor, ou harmonia.
O ideograma KI () representam as energias que se manifestam de origem material e espiritual. Podendo ser traduzido por energia ou espírito.
O ideograma DO() designa o caminho, a via, o TAO.
Em resumo o AIKIDO é uma busca espiritual através da harmonia com as energias vitais, ou simplesmente o caminho da harmonia.

Da admissão em um Dojo.

Com a divulgação e crescimento da arte, O’Sensei Morihei Ueshiba aceitava somente os alunos que eram indicados. Assim sendo para que ocorresse a admissão de um novo aluno no Dojo, este tinha que apresentar no mínimo duas cartas de recomendação de alunos mais antigos (sempais), ou ilustres e mestres de áreas diferentes no qual O’Sensei tinha ligação.

Da Vestimenta.

O HAKAMA é uma calça semelhante a uma saia usada por alguns praticantes de AIKIDO. É uma peça tradicional do vestuário samurai.
O GI normal (calça branca e blusa branca popularmente chamada de KIMONO) usado no AIKIDO, assim como em outras artes marciais tais como o JUDO e o KARATE, era originalmente dentro da tradição japonesa, roupas de baixo o que equivaleria ao “pijama” ocidental. O uso do HAKAMA é parte da tradição de muitas escolas de AIKIDO. Na maioria das associações de AIKIDO, o HAKAMA, só é permitido aos faixas-pretas. O HAKAMA é um traje tradicional possuindo sete pregas, sendo cinco na frente e duas atrás, e simbolizam as sete virtudes do BUDO.
Yuki: Coragem, Valor, Bravura.
Jin: Benevolência. 
Gi: Honra ou Justiça.
Rei: Etiqueta, Cortesia.
Makoto: Sinceridade, Honestidade, Realidade.
Chugi: Lealdade, Fidelidade, Devoção.
Meiyo: Credibilidade, Glória, Reputação, Dignidade, Prestígio.
  

Da entrada na sala de treino.

Os alunos se postam seguindo a ordem de graduação, sendo que tomando por base a posição do Sensei, que estará voltado para os alunos, os mais antigos ficarão à sua esquerda, os mais novos à sua frente.
Para o início das aulas é feito uma saudação a todos os presentes pelo Sensei, logo após é feito uma saudação ao O’Sensei como forma de agradecimento, e finalizando é feito nova saudação à todos os presentes.

Disposição do dojo.

Entra-se no dojo pelo lado oposto do kamiza no lado do shimoza. Se nós estabelecermos que o kamiza está no norte, logo o shimoza estará no sul. De acordo com a cosmologia taoista, o sul está associado ao Fogo e a etiqueta e ao intelecto (talvez porque na China as paredes com face sul sejam as mais ensolaradas, contrariamente ao que ocorre no Brasil). É o desejo consciente, racional de aprender que faz as pessoas entrarem no dojo, e ao mesmo tempo e exatamente neste ponto que devemos deixar o intelecto de lado e nos voltarmos para o interior, o mundo dos Deuses. Enquanto os iniciantes chegarem ao Shimoza com preconceitos e ideias erradas, estarão longe de conseguirem receber os ensinamentos que o sensei e o dojo podem oferecer. Eles necessitam aprender a “pensar” e agir de forma intuitiva, mais visceral. Exatamente no Shimoza que o aluno começa a aprender a etiqueta e as boas maneiras para que haja uma mudança espiritual do praticante, interiormente se liberando do egoísmo e desenvolvendo a empatia e respeito pelas outras pessoas.
O Jozeki fica do lado direito do dojo, a leste, e no circulo taoista corresponde a madeira, envolvendo o cultivo da virtude e da compaixão. Nele ficam os alunos mais graduados e experientes, e às vezes o próprio sensei, principalmente quando vem ao dojo, mestres de nível mais alto. Lá nesta posição hierárquica mais alta os alunos mais graduados tomam consciência de suas responsabilidades com a preservação futura do dojo, sabendo que lhes cabe grande parcela em dar o exemplo e ajudar no ensino dos mais jovens para que ela sendo praticada por futuras gerações de alunos e praticantes avançados a arte evolua e sobreviva, bem como a escola a que pertencem e têm lealdade. Em um Dojo tradicional o Jozeki deve ser muito mais um local de responsabilidade do que de honra para mostrar a todos a posição elevada dos praticantes mais antigos.
Do lado norte fica o Kamiza que os taoistas associam ao elemento água, que enfatiza a sagacidade e é lá onde está o local mais elevado onde as divindades se localizam simbolizadas pelo quadro do fundador. Independente da religião que o cada praticante tenha, o Kamiza é o centro do dojo. O kamiza bem cuidado e tratado com respeito certamente contribui de forma significativa para manter o moral elevado do dojo. O lado esquerdo do Dojo é o Shimozeki que está associado ao elemento metal e tem a característica do caráter correto e digno. É no shimozeki que os novos alunos concentram suas atividades e onde estão as sementes para o futuro do dojo e sua renovação natural. Grandes mestres poderão estar no meio dos faixas brancas, aparentemente desengonçados em seus movimentos iniciais. A qualidade primordial que os iniciantes devem ter é o comportamento e o caráter correto, e a vontade de colaborar, de treinar e de seguir o mestre em seus ensinamentos e conselhos dos Sempais (alunos mais antigos). Eles devem acreditar que os mais experientes e o Sensei querem o melhor para eles sob todos os pontos de vista, como querem para si mesmos. O Shimozeki é tão importante quanto o Jozeki, pois um depende do outro, não existe Sempai (aluno mais antigo) se não houver Kohai (aluno mais novo). Os Sempai estão sempre sendo observados pelos Kohai, verificando os elevados propósitos técnicos e espirituais que eles ao ingressar, decidiram adquirir, e neste sentido eles acabam exigindo um comportamento conveniente e elevado que os ajuda a progredir mantendo o espírito de Shoshim (busca de aperfeiçoamento constante). O Shimozeki onde estão aqueles dos quais se exige comportamento ético e reto, fiscalizam se os Sempai estão exigindo deles coisas que eles mesmos não estão fazendo, e se estão agindo de forma modesta, e não arrogante como devem ser, guiados pelos elevados padrões propostos pelo Sensei.

         
O treinamento.

Para que o aluno desenvolva a técnica, faz se necessário à participação de um parceiro de treino, o que chamamos de UKE. Entendendo esta questão, fica implantada na mente do praticante, a necessidade de sermos gentis e educados com o nosso parceiro de treino, demonstrando que somos responsáveis pela integridade física dele e por consequente à nossa própria integridade física, se não houver o respeito, a amizade sincera, logo não terei um parceiro para poder desenvolver minhas habilidades.
Neste momento os amigos poderão questionar: “ora, em toda arte marcial existe o parceiro de treino, então o que diferencia o AIKIDO?”. A resposta é simples, no AIKIDO não há competição, assim sendo, o estimulo de VENCER O OPONENTE A TODO CUSTO é diminuído e substituído pelo VENCER A SÍ PROPRIO, com esta busca e este olhar interior estaremos a partir daí crescendo na arte.
Há uma máxima existente dentro do AIKIDO, que diz: Como alguém pode pregar a harmonia com uma espada na mão? Novamente aqui entra uma questão de entendimento sobre o trabalho desenvolvido dentro do DOJO, a harmonia está ligada ao desenvolvimento inter e intrapessoal, ou seja, o desenvolvimento relacional de si mesmo e o desenvolvimento relacional com seus semelhantes. O bom praticante deve ser capaz de aplicar a técnica protegendo a si e ao oponente dele mesmo, por isso o AIKIDO é a harmonia em movimento.

Símbolos mais empregados no AIKIDO.

O’Sensei Morihei Ueshiba, para explicar o AIKIDO, ele o fazia através de alguns símbolos dentre os quais, o TRIÂNGULO, O QUADRADO E O CÍRCULO. O’Sensei dizia que o AIKI era uma montagem dos símbolos citados, e dizia que: “ o TRIÂNGULO é a raiz destes elementos. Isto porque o CIRCULO é a forma circular (o corpo em movimento) do triângulo e o QUADRADO são dois opostos juntos (num estado de controle).”
Para O’Sensei os símbolos tinham o seguinte paralelo:
 Triângulo: Corpo, centro, do interior para o exterior, de baixo para cima. 
  Circulo: Espaço, estado de alerta, sentir, ligações, a não resistência.
  Quadrado: gravidade, estabilidade, equilíbrio, impulso.
O triângulo, círculo e o quadrado também representam missão, vida e destino, sendo espelhado na técnica do AIKIDO.
O triângulo é a missão da pessoa, que é mais como uma direção na vida. É similar a posição inicial (hanmi) e o movimento de avanço (irimi) de uma técnica de AIKIDO.
O círculo é a vida da pessoa o movimento dinâmico das energias, vistas no AIKIDO como os movimentos espirais da técnica.
O quadrado representa o destino o resultado da vida da pessoa, bem como o final da técnica do AIKIDO, a imobilização (osae waza).

Do encerramento do treinamento.

Todos se postam como no início do treinamento, é feito um agradecimento pelo Sensei dentro da forma ritualística, e quando da retirada do dojo, todos os alunos esperam a saída do Sensei da área de treinamento, para depois se levantarem e se retirarem.

Meus amigos, essas são apenas algumas considerações sobre a arte, mas acredito que já tenha conseguido parcialmente, atingir o objetivo proposto. Não pretendo dar o assunto por encerrado, pois tal possui uma enorme riqueza. Assim agradeço a Deus pelo dom da vida e por todas as graças que tenho recebido, aos autores que li, por aumentarem o meu parco e limitado conhecimento, agradeço a todos que participam de minha jornada, dando significado a esta. Um especial abraço àqueles que junto comigo, trilham ou trilharam este caminho marcial, em especial ao Fred, ao Marcelinho, e ao Vivaldo, antecipando escusas àqueles dos quais não citei.


Um fraternal abraço.



Weslley Marcelo Massako Negre. C.'.M.'.
2º Dan AIKIDO.



segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Princípio e técnica

Todo fato tem dois lados, ou mais, dependendo da interpretação dada por cada partícipe da ação. Somos a soma de nossos conhecimentos e através destes é que fazemos o julgamento de todas as coisas. Com o passar do tempo e de uma prática incessante começamos a mudar nossas convicções acerca do que aprendemos no caminho, começamos a vislumbrar que determinadas técnicas cairão no ostracismo e outras surgirão na mesma intensidade. Dentro desta busca descobrimos o quanto somos adaptáveis e mutáveis e talvez por isso a busca seja infinita, a cada nova ação a cada nova descoberta um novo horizonte se abre, uma nova vertente se cria e novas relações são estabelecidas. O tempo, fator tão importante para a apuração de um caráter marcial se mostra através de facetas que serve para ora nos motivar, ora nos desanimar, como se estivesse nos testando a cada dia. Perseverança seria a chave do sucesso? Einstein em uma de suas memoráveis frases disse que: “O único lugar que o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário”, sou obrigado a concordar com ele. A velocidade e a intensidade com que caminhamos nos fazem muitas vezes não desfrutar da jornada, queremos atingir e compreender a técnica e seus princípios como em um insight, e com isso não aprendemos a saborear a maturar e sorver todo o conhecimento. Agindo assim a técnica começa a parecer frágil e na verdade se torna, por que falta o tempero principal, ou seja, lhe falta o princípio. Paciência, tempo e dedicação são termos cada vez menos degustados em todas as áreas, por isso saboreamos hoje um resultado efêmero e sem consistência. Uma boa técnica se fundamenta em três pilares sendo eles: princípio, aplicabilidade e eficiência. Na minha visão, princípio é a junção de toda anatomia externa e interna do movimento, todo valor mutável que ele conduz com o perpassar do tempo, sua essência o âmago do entendimento marcial voltado para um único gesto ou movimento. Tenho por aplicabilidade a sua real função, seja na ação, reação ou inação, e vislumbro que a eficiência é a concretização deste momento, a consagração do esforço trabalhado, a junção deste ciclo. É erro comum vermos a técnica somente com os olhos da eficiência aplicada a terceiros, esquecendo o que ela nos causa interiormente. Temos que começar a entender que o princípio é a chave do sucesso, e que toda técnica se respeitada seus princípios funciona, nós é que muitas das vezes não estamos à altura dela.

“Quando o discípulo está pronto, o mestre aparece.”

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Qual o propósito para o treinamento marcial nos dias de hoje?

Uma das respostas que me vem à mente é justamente disciplinar o caráter humano através de um treinamento metódico e com decisão, li certa vez que: “método e decisão são elementos básicos de processos administrativos que visam contemplar e desmantelar um problema para, através da criatividade e/ou esgotamento de possibilidades, alcançar uma solução.” Quanto ao método verifico que se faz necessário uma avaliação dos princípios adquiridos através do treinamento recebido, avaliando e mensurando nosso crescimento, buscando um equilíbrio entre a forma a ser executada e a nossa capacidade de resposta a mesma. Quanto a decisão essa escora na certeza, depois de muita reflexão, de que estamos no caminho certo, tendo esta certeza somos extremamente objetivos. Existe um ditado nas artes marciais que diz que: “um ataque hesitante, sem uma absoluta certeza, pode falhar”.

O treinamento marcial busca moldar e aperfeiçoar o método e a decisão, tornando-os ferramentas essenciais para o desenvolvimento espiritual. Adendo se faz explicando que o termo espiritual no oriente e nas artes marciais tem diferente conotação com a espiritualidade no sentido religioso pregado aqui no ocidente. O fortalecimento espiritual marcial busca o domínio da mente sobre as necessidades do corpo, aumentando nossa força de vontade para podermos superar limites e disciplinar aspectos considerados nocivos a evolução humana, treinando o espírito treinamos a nossa vontade de vencer.

Para que possamos alcançar um objetivo, temos que ser disciplinados e acima de tudo temos que ter método e decisão, querer cumprir a jornada. Agora a jornada tem de ser coerente com a vida, de que adianta me entregar cegamente as práticas marciais e negligenciar o mundo em minha volta? O treinamento tem importância, mas também são importantes nossas obrigações cotidianas, afinal vivemos em mundo moderno, pertencemos a várias categorias, somos filhos, pais, profissionais, educadores, enfim, pertencemos a um grupo maior e não podemos negligenciar a vida social e profissional.

Finalizando, todo extremista está longe do centro, que é o local mais equilibrado.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O AIKIDO É MUITO SIMPLES.

O AIKIDO é muito simples, nós é que gostamos de colocar obstáculos para o seu desenvolvimento. Enchemos-nos de teorias, movimentos, regras, normas e esquecemos a simplicidade da prática. Buscamos resultados, e ficamos perdidos toda vez que um movimento não é bem executado. Queremos entender o que já foi explicado, e explicamos o que não entendemos. O caminho é simples, passa pela compreensão de que nunca chegaremos ao fim de uma jornada infinita e que a cada dia que passa tem que transcender as formas já aprendidas, tornando-as naturais. Quando praticamos o AIKIDO observamos que existe o movimento, a disciplina, a superação, a vontade, em termos práticos seria como uma escala de aprendizado, sendo que ao final será moldado não somente o físico, mas a mente do praticante. O’Sensei era tido como um dos homens mais religiosos do Japão e reconhecido como um dos maiores mestres das artes marciais, para um leigo isso pode parecer antagônico, como que uma pessoa que tem nas mãos o poder de tirar a vida, dedica a vida em desenvolver um sistema que visa a união dos povos e a harmonia entre eles? Certa vez li que a palavra HARMONIA é o resultado da plena união e relação das realidades que constituem a verdade, entendendo isso posso aceitar que a união corpo e mente, produz harmonia, que a observação real sobre uma situação produz harmonia, que os opostos em equilíbrio produzem harmonia, tudo que é bem feito e que traz satisfação ao seu executor também gera harmonia. Faço apenas uma pequena observação, que para haver harmonia tem de se encontrar a verdade, se fizermos um lindo movimento, mas não sentirmos sua verdade, logo não estará em harmonia com este, e nas artes marciais, o movimento tem que encontrar seu curso, e se traduzir em eficiência, e controle.

Citei que o AIKIDO é simples, é simples porque é natural, porque exige que você respire (kokyu), exige que você caminhe para frente (irimi), exige que você não oponha a seu oponente de forma direta (tenkan), exige que você trabalhe o seu controle de corpo (tai sabaki), exige que você compreenda o desequilíbrio do uke (kuzushi), resumindo, caminhe sempre para frente, aprenda a superar os obstáculos, controle suas emoções, entenda o seu semelhante, e descubra o caminho que conduz a paz. Como escrevi é muito simples.

Obrigado.